A expressão em inglês “no pain, no gain” (sem dor, não há vitória) resume o pensamento de milhões de atletas que buscam nessa afirmação uma justificativa para um comportamento esportivo, no mínimo, questionável.

Hoje, nós questionamos se, para atletas competitivos de alto rendimento, o esporte é saúde. Esse questionamento surge porque a dor pode ser uma companheira constante, com a qual se habituam a conviver e, muitas vezes, dando menos importância do que deveriam. O limiar da dor é muito variável entre os atletas e, quando muito elevado, pode provocar lesões musculoesqueléticas na sobrecarga.

É praticamente impossível determinarmos o limite de cada um. Em geral, a linha divisória entre o fisiológico (normal) e o patológico (anormal) é muito tênue, fácil de ser ultrapassada. Muitas vezes, o atleta associa a melhora de seu rendimento à necessidade de sentir dor nos treinamentos. Entretanto, cabe à equipe técnica e ao médico estabelecerem limites de atividades físicas para cada caso – o que é muito difícil.

A presença de dor pode ser o fator determinante para não se alcançar marcas previamente obtidas, porém, se olharmos pelo lado positivo, a continuidade do atleta na competição estaria aumentando o risco de lesões maiores.

Qual o limite tolerável de dor para que não haja prejuízo ao atleta?

A dor no esporte é um sintoma do qual se pode intuir que algo está errado. Nosso corpo vive em constante trabalho de adaptação às atitudes de sobrecarga relacionadas ao esporte. Porém, quando a capacidade de recuperação biológica dos tecidos do organismo é menor do que a agressão sofrida no esporte, a lesão se instala e, se não tratada, pode levar a sérias consequências.

Temos acompanhado situações diversas de atletas treinando e competindo com dor para melhorar suas marcas. O resultado disso pode ser positivo, na conquista de resultados, ou negativo, fazendo o atleta abandonar precocemente sua atividade esportiva.

Uma das maneiras de se diminuir a frequência de lesões é o conhecimento adequado pelo médico sobre sua prevenção e como tratá-las da melhor maneira. Portanto, conhecer o esporte, o atleta e o mecanismo de lesão fazem do traumatologista e médico do esporte o diferencial.

Uma dica: os movimentos articulares praticados de forma errada devem ser evitados e corrigidos com o escopo de prevenir as lesões. Mesmo assim, se na prática de algum esporte, a dor aparecer, procure seu médico e respeite seus limites!